quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Luperce Miranda - 4 discos

Luperce Miranda de ontem e sempre.

Para apresentar Luperce Miranda, ninguém melhor do que o grande nome do bandolim contemporâneo: Hamilton de Holanda. Esse texto é o prefácio do livro Luperce Miranda: O Paganini do Bandolim, de Marília Trindade Barboza (Editora da Fonseca, 2004). Então, Luperce Miranda por Hamilton de Holanda : Luperce. Esse nome diz muito. Nascido e criado em Recife, o menino de muitos irmãos cresceu em um ambiente musical que o formou como profissional. Desde muito novo, seu talento já encantava quem o escutava. Na verdade, escrevo essas linhas para falar da importância de Luperce para a música popular brasileira, mais espeficicamente para a história do Bandolim brasileiro. O Bandolim, como alguns outros instrumentos, chegou ao Brasil pelas mãos dos europeus. E aqui se transformou em um dos mais importantes e originais de nossa tão rica música. Original porque aqui se criou um jeito de tocar único e admirado em todo o mundo. Nossa escola é completa, seja pelo repertório, seja pela técnica, seja pela obra. E é aí que entra o mágico Luperce Miranda. Foi um dos primeiros a colocar o bandolim em uma posição de solista de destaque no regional brasileiro. Deixou uma bela obra, entre discos, interpretações e composições. E o principal: contribuiu de forma definitiva para a formação de uma técnica sólida e virtuosística. Vendo Luperce tocar, até parecia fácil. Seus dedos passeavam pelo braço do instrumento. E ele tinha essa facilidade em qualquer parte da escala de seu nobre instrumento. Digo isso porque quanto mais perto da boca do bandolim, menores as casas, menor o espaço para os dedos e maior a dificuldade. E para ele era moleza. Claro que a custo de muitas horas de cumplicidade. Conhecia muito bem os acordes. Sabia usar o virtuosismo em prol de sua música. Cito como exemplo a Valsa Concerto “Quando me lembro”. Os dedos percorrem praticamente toda a extensão possível. E que beleza de obra. Linda, difícil, alegre, triste. Considero esta música um desafio para o bandolinista que quer atingir o nível máximo de técnica, se é que isso existe. Mas nem só de técnica vivia Luperce. Vide “Alma e Coração”. Profundidade, senso estético, brasilidade. Talvez seja porque ele era pernambucano, talvez porque tenha vivido muitas emoções com as mulheres. O certo é que composições como “Alma e Coração” contrariam os que dizem que Luperce era só técnica. (...). Esse disco, gravado em 1970, pelo Museu da Imagem e do Som, marca volta de Luperce às gravações, depois de um período de mais de uma década sem gravar nada. Ele traz bonitas valsas, e evidencia aquilo que Hamilton já disse, que Luperce não era só técnica, porque sua sensibilidade na interpretação é admirável. Destaco a valsa, de autoria dele, Fala Coração (Faixa 5 do lado A). É linda também a valsa Santinha, de Anacleto de Medeiros, assim como são belas as interpretações de Luperce para choros clássicos, como Pedacinhos do Céu, de Waldir Azevedo, e Tico-tico no Fubá, de Zequinha de Abreu.


Luperce Miranda yesterday and forever.

To display Luperce Miranda, one better than the big name contemporary mandolin: Hamilton de Holanda. This text is Luperce Miranda book's Preface: The Paganini of the mandolin, Marilia Trindade Barboza (Editora da Fonseca, 2004). So Luperce Miranda by Hamilton de Holanda: Luperce. This name says a lot. Born and raised in Recife, the boy of many brothers grew up in a musical environment that formed as a professional. From an early age, his talent has enchanted his listeners. In fact, I write these lines to talk about the importance of Luperce for Brazilian popular music, more espeficicamente to the history of Brazilian Mandolin. The mandolin, as some other instruments, arrived in Brazil at the hands of Europeans. And here it turned into one of the most important and original of our so rich music. Unique because here it is created a unique way of playing and admired worldwide. Our school is full, either by the repertoire, either by technique or by work. And that's where the magic Luperce Miranda. It was among the first to put the mandolin in a prominent soloist position in the Brazilian regional. He left a beautiful work among disks, interpretations and compositions. Most of all, contributed definitively for the formation of a sound and virtuosic technique. Seeing Luperce play, even it seemed easy. His fingers wandered by the instrument arm. And he had this facility in any part of his noble instrument scale. I say this because the closer the mandolin mouth, smaller houses, the less room for the toes and the greater the difficulty. And he was a breeze. Of course the cost of many hours of complicity. He knew very well the chords. I knew how to use the virtuosity for the sake of his music. I cite as an example the Concert Waltz "When I remember." His fingers run through almost every possible extent. And that beauty work. Beautiful, difficult, happy, sad. I consider this song a challenge for the mandolin player who wants to achieve the maximum level of technique, if that exists. But not only technical lived Luperce. See "Heart and Soul". Depth, aesthetic sense, Brazilianness. Maybe it's because he was Pernambuco, perhaps because he lived many emotions with women. The truth is that compositions like "Heart and Soul" counter those who say that Luperce was only technical. (...). This album, recorded in 1970 by the Museum of Image and Sound, brand around Luperce the recordings, after a period of more than a decade without saving anything. It brings beautiful waltzes and shows what Hamilton has said that Luperce was not only technical, because their sensitivity in interpreting is admirable. Highlight the waltz, his authorship of Foreign Heart (Track 5 side). It is also a beautiful waltz Santinha of Anacleto de Medeiros, as are the beautiful Luperce interpretations of classical cries as Bits of Heaven, Waldir Azevedo, and Tico-Tico no Fuba, Zequinha de Abreu. 

          

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