quinta-feira, 16 de junho de 2022

Al Di Meola Paco de Lucia & John McLaughlin - Friday Night em San Francisco DVD.

Existem aqueles momentos marcantes em que o tempo para e só você percebe o que acontece – e só você escuta, ou pelo menos é assim que interpretamos. É o tipo de sensação que muitos, no século XIX, garantem ter sentido no teatro Scala, de Milão, assistindo a óperas de Giuseppe Verdi, ou em Bayreuth, na Alemanha, na execução sinfonias de Richard Wagner.

A descrição serve perfeitamente para uma certa sexta-feira de dezembro de 1980, na cidade de San Francisco, na Califórnia, quando três gênios da guitarra e violão subiram ao palco e fizeram o mudo parar para reverenciar sua arte.

Quem esteve no Warfield Theater naquele 5 de dezembro presenciou três homens e três violões exibindo o que de melhor a música ocidental produziu em séculos. 

O espanhol Paco de Lucia, o norte-americano Al Di Meola e o inglês John McLaughlin entraram para a história por conta da série de shows magnífico daquela turnê e, meses depois, com o lançamento da gravação daquele concerto.

Quarenta anos depois do lançamento do magistral “Friday Night in San Francisco”, eis que Di Meola acena com uma grande novidade: para comemorar a data, o disco original não apenas seria relançado, como também um outro, com as músicas tocadas no dia seguinte, 6 de dezembro.

“Já me acertei com John McLaughlin e as possibilidades de termos um ‘Saturday Night in San Francisco’ são muito grandes”, afirmou o guitarrista norte-americano em entrevista ao jornalista Daniel Dutra publicada no site da revista Roadie Crew.

Em temos de pandemia devastadora, essa é uma notícia extraordinária. O nível de excelência instrumental demonstrada no álbum original faz com que sonhemos com o que pode vir a aparecer no disco com o concerto de sábado.

Di Meola dá a entender que a celebração da data contaria apenas com essa possibilidade, o que não é pouco diante do monumental conteúdo. Ficou subentendido que não haveria show mesmo que a pandemia acabasse, já que Paco de Lucia morreu em 2014, aos 66 anos.
“Friday Night in San Francisco” é um dos grandes momentos da história da música. Dois já veteranos músicos do cenário internacional aceitara se unir a um jovem prodígio do jazz para uma turnê que deveria reunir o melhor do rock, do jazz, do blues e da música flamenca, além de traços da música erudita.

Internacionalmente, o grande nome era John McLaughlin, guitarrista inglês prestigiadíssimo na Londres do final dos anos 60 e que foi laureado com a honra de tocar com Miles Davis, experiência que foi fundamental para que criasse a sua Mahavishnu Orchestra, um dos pilares do jazz rock.

Al Di Meola, geniozinho precoce, despontou quando integrou um dream team do jazz fusion, o Return to Forever, ao lado dos ícones Stanley Clarke (baixo), Chick Corea (teclados) e Lenny White (bateria). A partir daí decolaria em uma carreira solo extraordinária.

Paco de Lucia, por sua vez, era muito admirado pelos outros dois e era referência europeia no violão erudito e na música flamenca. Frequentemente foi considerado o instrumentista de cordas mais habilidoso e veloz no segmento de cordas.

Apesar das experiências e currículos diversos, ninguém estranhou quando a turnê americana com os três foi engatilhada. Especulou-se a respeito dos egos inflados que poderiam colocar tudo a perder, mas isso não ocorreu. Houve muito respeito no palco e uma espécie de pacto de colaboração com cada um ajudando o outro e jogando juntos para um espetáculo marcante.

A maior excentricidade do repertório, que acaba sendo o maior destaque, em minha opinião, é “Frevo Rasgado”, composição do brasileiro Egberto Gimonti, venerado pelos três guitarristas, o que só realça a genialidade do compositor. A canção foi executada de forma brilhante por Lucia e McLaughlin, que a executaram de forma soberba.

Os três juntos, no álbum, só duelaram, digamos assim, na bela “Fantasia Suite”, de Di Meola, onde cada um deu jeito de estraçalhar no instrumento em uma composição que “sugeria” momentos virtuosos. “Guardian Angel”, de McLaughlin, que fecha o disco, foi gravada em estúdio cinco meses depois, já em 1981.

A reedição de uma obra-prima da música e o lançamento de uma apresentação inédita do trio do dia seguinte são daquelas notícias que precisam ser comemoradas.


There are those remarkable moments when time stops and only you notice what happens – and only you listen, or at least that's how we interpret it. It is the kind of sensation that many, in the 19th century, claim to have felt at the Scala Theater in Milan, watching operas by Giuseppe Verdi, or in Bayreuth, Germany, when performing symphonies by Richard Wagner.

The description fits perfectly for a certain Friday in December 1980, in the city of San Francisco, California, when three guitar and guitar geniuses took the stage and made the mute stop to revere their art.

Whoever was at the Warfield Theater that December 5th saw three men and three guitars show off the best Western music has produced in centuries.

The Spaniard Paco de Lucia, the American Al Di Meola and the Englishman John McLaughlin went down in history because of the magnificent series of shows on that tour and, months later, with the release of the recording of that concert.

Forty years after the release of the masterful “Friday Night in San Francisco”, Di Meola beckons with a great novelty: to celebrate the date, the original album would not only be re-released, but also another one, with the songs played the next day. , December 6th.

"I've already settled with John McLaughlin and the possibilities of having a 'Saturday Night in San Francisco' are very big", said the American guitarist in an interview with journalist Daniel Dutra published on the website of the Roadie Crew magazine.

In terms of a devastating pandemic, this is extraordinary news. The level of instrumental excellence shown on the original album makes us dream about what could appear on the record with Saturday's concert.

Di Meola suggests that the celebration of the date would only count on this possibility, which is no small thing given the monumental content. It was understood that there would be no show even if the pandemic ended, as Paco de Lucia died in 2014, aged 66.
“Friday Night in San Francisco” is one of the great moments in music history. Two veteran musicians from the international scene had agreed to team up with a young jazz prodigy for a tour that was supposed to bring together the best of rock, jazz, blues and flamenco music, as well as traces of classical music.

Internationally, the big name was John McLaughlin, a very prestigious English guitarist in London at the end of the 60s and who was awarded the honor of playing with Miles Davis, an experience that was fundamental for him to create his Mahavishnu Orchestra, one of the pillars of jazz rock.

Al Di Meola, a precocious little genius, emerged when he joined a jazz fusion dream team, Return to Forever, alongside icons Stanley Clarke (bass), Chick Corea (keyboards) and Lenny White (drums). From there he would take off on an extraordinary solo career.

Paco de Lucia, in turn, was much admired by the other two and was a European reference in classical guitar and flamenco music. He was often considered the most skilled and fastest string player in the string industry.

Despite their different experiences and CVs, no one was surprised when the American tour with the three was triggered. There was speculation about inflated egos that could put everything at risk, but that didn't happen. There was a lot of respect on stage and a kind of collaborative pact with each helping the other and playing together for a remarkable show.

The greatest eccentricity of the repertoire, which ends up being the biggest highlight, in my opinion, is “Frevo Rasgado”, a composition by the Brazilian Egberto Gimonti, revered by the three guitarists, which only highlights the genius of the composer. The song was performed brilliantly by Lucia and McLaughlin, who performed superbly.

The three of them together, on the album, only dueled, so to speak, in the beautiful “Fantasia Suite”, by Di Meola, where each one managed to shred the instrument in a composition that “suggested” virtuous moments. McLaughlin's "Guardian Angel", which closes the disc, was recorded in the studio five months later, in 1981.

The reissue of a masterpiece of music and the release of an unreleased performance by the trio the next day are those news that need to be celebrated.

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