quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Rolando Boldrin - 30 Discos

Compositor. Cantor. Instrumentista. Ator. Aprendeu a tocar viola com sete anos. Aos 12 anos, formou uma dupla com um de seus irmãos, Boy e Formiga. Fizeram apresentações na Rádio de sua cidade. Em 1953, mudou-se para São Paulo a fim de tentar a carreira artística. Trabalhou como sapateiro, frentista, carregador e garçom.

Estreou como cantor em 1963, quase por acaso, gravando com Lurdinha Pereira, sua futura esposa, o bolero “Um cantinho para dois”, de Daniel Magalhães e José de Assis, antes ouvido pelo produtor Palmeira, que gostou da interpretação da dupla e mandou gravar o disco, apesar do aviso de que não era cantor, mas sim compositor. A partir de então, tomou parte em outras gravações da mulher. Tornou-se pioneiro na apresentação de programas televisivos dedicados à chamada música brasileira autêntica, tendo apresentado Som Brasil na TV Globo, Empório Brasileiro no SBT e Empório Brasil na TV Bandeirantes. Gravou toadas, cateretês e modas de viola. 

Em 1974, apresentou com a Banda de Pau e Corda o show “Palavrão”, primeiro de uma série em que representou personagem que transforma-se em cantor, poeta e contador de causos. No mesmo ano, gravou seu primeiro disco solo, “O cantadô”. Em 1975, apresentou Teatro de Quintal, na mesma linha. Em 1978, participou do filme “Doramundo”, de João Batista de Andrade, sendo premiado pela Apca. No mesmo ano lançou o LP “Longe de casa”, interpretando obras de João Pacífico, Raul Torres, Batista Júnior, Alvarenga e Ranchinho e Cornélio Pires, sendo um grande sucesso e entusiasticamente aclamado pela crítica. 

Em 1980, criou para a Rádio Jornal de São Paulo o programa “Viola de repente”, apresentado também na Rádio Globo, em 1982. Ainda em 1980, lançou com Lurdinha Pereira o LP “Giro a giro”, no qual interpretam solo e em duetos como em “Um agradinho”, de Almirante. Em 1981, passou a apresentar na TV Globo o programa “Som Brasil”, onde apresentou entre outros, Tião Carreiro e Pardinho, Mineiro e Manduzinho, Zé Coco do Riachão e João Pacífico. No mesmo ano lançou o LP “Caipira”, que contou com as participações do maestro Murilo Alvarenga, filho do cantor e compositor Alvarenga da dupla com Ranchinho, que canta na faixa “Coração de violeiro”, de Alvarenga, e de Ranchinho, na faixa “Casinha de páia”, antigo sucesso da dupla. Em 1982, relembrou a antiga parceria com o irmão Formiga, gravando com ele a toada “Felicidade”, de Barreto, gravada no disco “Violeiro”. No mesmo disco cantou com Ranchinho o “Romance de uma caveira”, sucesso da década de 1940 com a dupla Alvarenga e Ranchinho. Gravou também “Paulistinha”, de Barreto, com participação de Nhô Bento na parte declamada, e “Flor do cafezal”, de Luiz Carlos Paraná, com a participação especial de Inhana. Em 1987, apresentou “Paia… Assada”, seguindo o mesmo modelo de cantar e contar causos. Em 1989, saiu da Rede Globo e transferiu-se para a Tv Bandeirantes onde apresentou por um ano o “Empório brasileiro”. Em seguida foi para o SBT, onde apresentou “Estação brasileira”. 

Em 1993 e 1994, repetiria a dose nos espetáculos “Brasil em preto e branco”. Participou de 25 novelas e 12 peças de teatro. Em 1993, recebeu o Prêmio Sharp pelo disco “Rolando e Boldrin”, no qual fez dupla consigo mesmo, contando causos e cantando modas, entre as quais, “A moda do fim do mundo”, parceria com Tom Zé e Svaniak, “Moda dos meses”, de Alvarenga e Ranchinho, “Moda da mula preta”, de Raul Torres, e “Moda da Revolução”, de Cornélio Pires e Arlindo Santana, entre outras. Este disco foi relançado em 2000 pela Kuarup. Em 1995, passou a apresentar o programa “Estação Brasil” na TV Record. Em 1996, lançou “Disco da moda”, interpretando modas de viola como “Moda da pinga”, “Moda da mila preta” e “Moda da revolução”. Em 1999, lançou “Brasil pandeiro”, com repertório ouvido por ele no rádio em sua infância e juventude. Com arranjos de Théo de Barros, interpretou composições de Herivelto Martins, Assis Valente e Wilson Batista. Gravou ainda “Poemas do som Brasil”, Resposta do Jeca Tatu” e “Clássicos do povo”, os três com declamação de poemas. 

Em 2003, teve participação especial, juntamente com José Camillo, na música “Cobra Venenosa”, de Raul Torres e João Pacífico, do album “Meu Reino encantado II”, de Daniel, do selo Warner Music Brasil, produzido por Daniel e Manoel Nenzino Pinto. Em 2005, lançou CD com Renato Teixeira, revisitando obras de compositores de todo o país. O disco, que mereceu boa aceitação da crítica especializada, traz destaques como, entre outras, “Ventania”, de Geraldo Vandré e Hilton Acioly, que concorreu, também com o subtítulo “De como um homem perdeu seu cavalo e continuou andando”, no Festival da Record de 1967, “Tempero das aves”, dele próprio, “Vaca estrela e boi fubá”, de Patativa do Assaré, “Acorda Maria Bonita”, atribuída ao cangaceiro Volta Seca (Antonio dos Santos), do bando de Lampião, além de passar por obras de Lupicínio Rodrigues e Chico Buarque, na composição tema para a peça “Morte e vida severina”, sobre o poema de João Cabral de Melo Neto. O disco, que reafirma seu sotaque caipira, contou com participações de Almir Sater, que  toca viola no clássico “Chico Mineiro”, de Francisco Ribeiro e Tonico, da dupla com Tinoco; Paulo Sérgio Santos, no clarinete e Rodrigo Sater e Chico Teixeira nas cordas. No mesmo ano, comemorou o sucesso de seu programa “Senhor Brasil” apresentado semanalmente na TV Cultura e que foi vencedor do Prêmio APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – como Melhor Programa da Televisão Brasileira em 2005. Ainda naquele ano, também foi lançada sua biografia, escrita pela jornalista Ieda de Abreu para a coleção “Aplauso”, da Imprensa Oficial de São Paulo. Em 2006, lançou o CD “Senhor Brasil – Rolando Boldrin e convidados – Ao vivo”, que reuniu momentos do programa com intérpretes como ele próprio, Renato Teixeira, Almir Sater, Zeca Baleiro, Tom Zé, Ney Matogrosso, Dominguinhos e Yamandú Costa. Em 2008, realizou participação especial, juntamente com Paulo Freire e Téo Azevedo, no CD “Imaginário Roseano”. O disco, que foi produzido por João Araújo, Rodrigo Delage e Maestro Geraldo Vianna, trouxe canções brasileiras em comemoração ao ano do centenário do escritor Guimarães Rosa.

Em maio de 2022, foi lançado o trabalho “O Samba Está na Moda”: uma homenagem do grupo Casuarina a Rolando Boldrin com a presença do ator e cantor. O trabalho foi gravado a partir de um show em São Joaquim da Barra, a terra natal do compositor

Na ocasião do falecimento do apresentador, o programa “Senhor Brasil” ainda estava na grade da TV Cultura, tendo completado 17 anos no ar. Em homenagem ao apresentador, a emissora exibiu, no decorrer da semana após a morte do ator e apresentador, programas como o “Ensaio” que foi ao ar em 2006 e “Persona em foco”, exibido em 2015. Também foram exibidos o especial “Boldrin 85 anos” e o programa “Roda Viva”, além do documentário “Eu, a Viola e Deus”, dirigido por João Batista Andrade.

O ator, cantor e apresentador faleceu após dois meses internado no Hospital Albert Einstein. A causa da morte não foi informada.

Boldrin morreu aos 86 anos no dia 9 de novembro de 2022 em São Paulo.


Composer. Singer. Instrumentalist. Actor. He learned to play the viola at the age of seven. At age 12, he formed a duo with one of his brothers, Boy and Formiga. They made presentations on the Radio of their city. In 1953, he moved to São Paulo in order to pursue an artistic career. He worked as a shoemaker, gas station attendant, loader and waiter.

He debuted as a singer in 1963, almost by chance, recording with Lurdinha Pereira, his future wife, the bolero “Um cantinho para dois”, by Daniel Magalhães and José de Assis, previously heard by producer Palmeira, who liked the duo’s interpretation and sent record the album, despite the warning that he was not a singer, but a composer. From then on, he took part in the woman's other recordings. He became a pioneer in presenting television programs dedicated to so-called authentic Brazilian music, having presented Som Brasil on TV Globo, Empório Brasileiro on SBT and Empório Brasil on TV Bandeirantes. He recorded toadas, cateretês and viola modas.

In 1974, with Banda de Pau e Corda, he presented the show “Palavrão”, the first of a series in which he represented a character who becomes a singer, poet and storyteller. In the same year, he recorded his first solo album, “O cantadô”. In 1975, he presented Teatro de Quintal, along the same lines. In 1978, he participated in the film “Doramundo”, by João Batista de Andrade, being awarded by Apca. In the same year he released the LP “Longe de casa”, interpreting works by João Pacífico, Raul Torres, Batista Júnior, Alvarenga e Ranchinho and Cornélio Pires, being a great success and enthusiastically acclaimed by the critics.

In 1980, he created the program “Viola de repente” for Rádio Jornal de São Paulo, also presented on Rádio Globo, in 1982. duets like in “Um agradinho”, by Almirante. In 1981, he started to present on TV Globo the program “Som Brasil”, where he presented, among others, Tião Carreiro and Pardinho, Mineiro and Manduzinho, Zé Coco do Riachão and João Pacífico. In the same year, he released the LP “Caipira”, which featured the participation of maestro Murilo Alvarenga, son of singer and composer Alvarenga from the duo with Ranchinho, who sings on the track “Coração de violeiro”, by Alvarenga, and Ranchinho, on the track “Casinha de paia”, former success of the duo. In 1982, he remembered the old partnership with his brother Formiga, recording with him the toada “Felicidade”, by Barreto, recorded on the album “Violeiro”. On the same album, he sang with Ranchinho the “Romance de uma skull”, a success from the 1940s with the duo Alvarenga and Ranchinho. He also recorded “Paulistinha”, by Barreto, with the participation of Nhô Bento in the recited part, and “Flor do cafezal”, by Luiz Carlos Paraná, with the special participation of Inhana. In 1987, he presented “Paia… Assada”, following the same model of singing and telling stories. In 1989, he left Rede Globo and transferred to TV Bandeirantes, where he presented the “Empório Brasileiro” for a year. Then he went to SBT, where he presented “Estação Brasileira”.

In 1993 and 1994, he would repeat the dose in the shows “Brazil in black and white”. He participated in 25 telenovelas and 12 plays. In 1993, he received the Sharp Award for the album “Rolando e Boldrin”, in which he partnered with himself, telling stories and singing fashions, including “A moda do fim do mundo”, in partnership with Tom Zé and Svaniak, “Moda of the months”, by Alvarenga and Ranchinho, “Moda da mula preta”, by Raul Torres, and “Moda da República”, by Cornélio Pires and Arlindo Santana, among others. This disc was re-released in 2000 by Kuarup. In 1995, he began presenting the program “Estação Brasil” on TV Record. In 1996, he released “Disco da moda”, interpreting viola modas such as “Moda da pinga”, “Moda da mila preta” and “Moda da revolution”. In 1999, he released “Brasil pandeiro”, with a repertoire heard by him on the radio in his childhood and youth. With arrangements by Théo de Barros, he performed compositions by Herivelto Martins, Assis Valente and Wilson Batista. He also recorded “Poemas do som Brasil”, Reply from Jeca Tatu” and “Clássicos do povo”, all three with recitation of poems.

In 2003, he had a special participation, together with José Camillo, in the song “Cobra Venenosa”, by Raul Torres and João Pacífico, from the album “Meu Reino Encando II”, by Daniel, from the Warner Music Brasil label, produced by Daniel and Manoel Nenzino Chick. In 2005, he released a CD with Renato Teixeira, revisiting works by composers from all over the country. The album, which received good acceptance from specialized critics, features highlights such as, among others, “Ventania”, by Geraldo Vandré and Hilton Acioly, who also competed with the subtitle “On how a man lost his horse and kept walking”, at the Festival da Record 1967, “Seasoning of birds”, by himself, “Vaca Estrela e boi fubá”, by Patativa do Assaré, “Acorda Maria Bonita”, attributed to cangaceiro Volta Seca (Antonio dos Santos), from Lampião’s band, in addition to going through works by Lupicínio Rodrigues and Chico Buarque, in the theme composition for the play “Morte e vida severina”, Directed by João Batista Andrade.

The actor, singer and presenter died after two months in the Albert Einstein Hospital. The cause of death has not been reported.

Boldrin died at age 86 on November 9, 2022 in São Paulo.

Leia mais em / Read more at:

Nenhum comentário:

Postar um comentário