A banda é considerada um dos principais grupos do rock brasileiro. Além do inovador uso de feedback, distorção e truques de estúdio de todos os tipos, os Mutantes foram os pioneiros na mescla do rock and roll com elementos musicais e temáticos brasileiros. Outra característica do grupo era a irreverência. Se antes dos Mutantes, o gênero no Brasil era basicamente imitativo, a partir do pioneirismo de Arnaldo, Sérgio e Rita, abriu-se o caminho do hibridismo.
Os Mutantes iniciou suas atividades em 1966, como um trio, quando se apresentaram em um programa da TV Record, até terminar em 1978 com apenas Sérgio Dias como integrante original. Ao longo destes doze anos, foram gravados nove álbuns – sendo que dois deles, O A e o Z e Tecnicolor, foram lançados apenas na década de 1990. Foi nessa década que foi reconhecida no cenário do rock nacional e internacional a importância dos Mutantes como um dos grupos mais criativos, dinâmicos, radicais e talentosos da era psicodélica e da história da música brasileira e mundial.
História
Anos 1960 e 1970 - Origens
Em 1964, os irmãos Arnaldo Baptista e Cláudio César Dias Baptista, juntamente com Raphael Vilardi e Roberto Loyola, fundaram o grupo The Wooden Faces. Um ano depois, conheceram e convidaram Rita Lee – então no Teenage Singers – a integrar a banda. Ainda entraria no grupo Sérgio, o caçula na família Baptista. A nova banda passou a se chamar Six Sided Rockers, depois O Conjunto e O´Seis.
Em 1966, eles gravaram compacto simples pela Continental com as composições “Suicida” (de Raphael e Roberto) e “Apocalipse” (de Raphael e Rita), que vendeu menos de duzentas cópias. Ainda naquele ano, Cláudio César, Raphael e Roberto deixariam o grupo. Arnaldo, Rita e Sérgio mantiveram o grupo, que foi rebatizado com o nome definitivo de Os Mutantes – por sugestão de Ronnie Von, que, naquela ocasião, lia O Império dos Mutantes, ficção científica de Stefan Wul. Von, uma das estrelas da Jovem Guarda, comandava então o programa dominical O Pequeno Mundo de Ronnie Von, transmitido pela TV Record, e não havia gostado do nome anterior. Em 15 de outubro de 1966, Os Mutantes estrearam no programa. Impressionaram tanto que o grupo foi convidado a fazer parte do elenco fixo do programa. Eles também participaram das gravações do LP Ronnie Von – nº 3.
Aproximação com os Tropicalistas
No início de 1967, mudanças na direção artística do programa reduziram paulatinamente as apresentações dos Mutantes. Por discordar das novas diretrizes, eles deixaram a Record, já que também havia a possibilidade de realizar apresentações em outras emissoras. À convite do maestro Chiquinho de Moraes, da Rede Bandeirantes, Os Mutantes exibiram-se no programa “Quadrado e Redondo”, apresentado por Sérgio Galvão. Nessa época, conheceram outro maestro, Rogério Duprat, que teria papel decisivo na história do trio. Apadrinhados por Duprat, Os Mutantes começaram a participar dos grandes festivais de música popular brasileira, que viviam sua fase áurea.
O maestro sugeriu a Gilberto Gil que convocasse o grupo como banda de apoio para gravar “Bom Dia”, que seria cantada por Nana Caymmi e inscrita no III Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record. Outra gravação de Gil classificada para o Festival era “Domingo no Parque”. Apesar de nenhum de seus integrantes ler cifras e partituras musicais e conhecer a complexidade harmônica dos arranjos elaborados por Gil e Duprat, Os Mutantes se saíra muito bem nos ensaios e acabaram participando da gravação de ambas. “Domingo no Parque” ganhou o segundo lugar e aproximou os Mutantes do movimento tropicalista.
Em 1968, o trio assinou um contrato com a Polydor, graças a uma indicação do produtor Manoel Barenbein. Assim, foi lançando Os Mutantes, primeiro disco da banda. Com arranjos de Duprat e participação especial de Jorge Ben, o LP foi bastante inovador e experimental, além de muito influenciado pelo trabalho dos Beatles. Algumas das faixas que se destacaram são “Senhor F…” (que contou com participação da mãe dos irmãos Baptista, que tocou piano), “Panis et Circenses” (canção composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil especialmente para os Mutantes) e “Trem Fantasma” (parceria entre os Mutantes e Caetano Veloso, que foi composta na casa do produtor Guilherme Araújo).
Também naquele ano, a banda participou ao lado de vários artistas de Tropicália: ou Panis et Circencis, disco-manifesto do movimento tropicalista, gravando a faixa-título do LP. Ainda naquele ano, o grupo participou em duas sequências – filmadas na boate Ponto de Encontro – de As Amorosas, filme do diretor brasileiro Walter Hugo Khouri, estrelado por Paulo José, Lilian Lemmertz e Anecy Rocha. Em setembro, ainda participaram do III Festival Internacional da Canção, da TV Globo, defendendo “Caminhante Noturno” (de Arnaldo, Sérgio e Rita), que acabou classificada em sétimo lugar. Mas o episódio mais emblemático daquele festival foi a apresentação de Caetano acompanhado dos Mutantes como banda de apoio. Na final paulista do FIC, realizada no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, eles executaram “É Proibido Proibir”. A canção de Caetano foi recebida sob intensas vaias pelo platéia que lotava o auditório. Mal os Mutantes começaram a tocar a introdução, espectadores enfurecidos atirava ovos, tomates e pedaços de madeira contra o palco e deram as costas para a apresentação.
Imediatamente, os Mutantes responderam, sem parar de tocar: viraram as costas para a platéia. Revoltado com a recepção, Caetano fez um longo e inflamado discurso que quase não se podia ouvir, por causa do barulho dentro do auditório.
No final daquele ano, os Mutantes estiveram no IV Festival da Música Popular Brasileira, defendendo “Dom Quixote” e “2001″, esta última uma parceria de Rita Lee com Tom Zé.
O Fim da Tropicália
No ano seguinte, os Mutantes excursionaram pela França, onde tocaram no célebre Mercado Internacional de Discos e Editores Musicais (Midem), na cidade de Cannes, e no tradicional Olympia, em Paris. Em fevereiro, foi lançado Mutantes, segundo disco da banda – e já com a participação do baterista Dinho Leme e do baixista Liminha. Um dos destaques do LP, a faixa “Caminhante Noturno” teve erradamente a omissão do nome de Sérgio Dias como co-autor.
Ainda em 1969, os Mutantes realizaram o seu último concerto com Caetano e Gil. Foi durante a conturbada temporada na carioca boate Sucata, no qual ocorreu o famoso incidente da bandeira nacional, que, supostamente, fora desrespeitada, no entender dos militares que governavam o Brasil naquela época. Durante o espetáculo, foi pendurada no cenário do espetáculo uma bandeira, obra do artista plástico Hélio Oiticica, com a inscrição “Seja Marginal, Seja Herói”, com a imagem de um traficante famoso naquela época, o Cara-de-Cavalo, que havia sido assassinado violentamente pela polícia. Os militares alegaram ainda que Caetano teria cantado o Hino Nacional inserindo versos ofensivos às Forças Armadas. Isto tudo serviria de pretexto político para que os militares suspendessem a apresentação, prendessem Caetano e Gil e, posteriormente, soltos e exilados no Reino Unido. O episódio é considerado como o fim do movimento vanguardista.
Ainda naquela ano, estreou o espetáculo Planeta dos Mutantes, misturando música, cenas bizarras e psicodelia. No final daquele ano, o grupo defendeu a canção “Ando Meio Desligado” IV Festival Internacional da Canção.
A Consolidação da Banda
Em março de 1970, foi lançado A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado, considerado um marco na carreira do grupo, que tenta se distanciar do tropicalismo e abraçar de vez o rock. O maior destaque do LP foi a canção-título “Ando Meio Desligado” (de Arnaldo, Sérgio e Rita). Outro destaque fica por conta da regravação de “Chão de Estrelas” (de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa), que foi muito criticada pelos críticos e puristas daquela época. No final daquele ano e com o baixista Liminha integrado ao trio Arnaldo-Sérgio-Rita, os Mutantes retornam à França para realizar algumas apresentações. À convite do produtor Carl Holmes, aproveitaram para gravar algumas canções no estúdio Des Dames, com a intenção era lançar um álbum principalmente em inglês para atrair público internacional. Mas a Polydor desistiria do projeto mesmo com um álbum inteiro já gravado. Somente em 1999, o disco seria lançado, chamado Tecnicolor.
No início de 1971, a banda foi contratada pela Rede Globo para serem uma das atrações fixas do programa Som Livre Exportação. Inicialmente, o grupo gostou, mas depois se desinteressou pelo projeto. Ainda naquele ano, foi lançado Jardim Elétrico, álbum no qual foram utilizados alguns instrumentos fabricados por Cláudio Baptista, irmão mais velho de Arnaldo e Sérgio. Quatro faixas gravadas em Paris foram aproveitadas para o disco. Em 30 de dezembro de 1971, Rita e Arnaldo se casaram. Ela disse anos depois que o casamento foi apenas para ganhar independência dos pais e que os irmãos disputaram no palitinho quem assinaria a certidão. Na volta da lua-de-mel, o casal rasgaria a certidão de casamento no programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo.
A Saída de Rita Lee
Em março de 1972, foi lançado Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets. O título do disco é uma homenagem a Tim Maia, que era amigo dos Mutantes, e que chamava “baurets” os cigarros de maconha que costumava fumar. O LP mostrou a transição da banda em direção ao rock progressivo, com influências dos grupos Emerson, Lake & Palmer e Yes. A faixa “Cabeludo Patriota” sofreu com a censura e teve de mudar de nome e foram sobrepostos ruídos para esconder a frase “o meu cabelo é verde e amarelo”. “Balada do Louco” (Arnaldo e Rita) foi o grande sucesso do álbum e um dos maiores da carreira do grupo. Outras canções foram bem executadas na mídia, como “Posso Perder Minha Mulher, Minha Mãe, Desde que Eu Tenha o Rock and Roll” (de Arnaldo, Rita e Liminha), “Vida de Cachorro” (de Arnaldo, Sérgio e Rita), “Cantor de Mambo” (de Élcio Decário, Arnaldo e Rita), “Todo Mundo Pastou” (de Ismar S. Andrade “Bororó”), “Rua Augusta” (Hervé Cordovil).
Foi também o último LP com a participação de Rita Lee. Alegou-se na época que sua saída ocorreu devido a diferenças musicais com os irmãos Baptista, mas na realidade esteve mais relacionada com ao fim do seu casamento com Arnaldo, em uma época em que os integrantes do grupo viviam em uma comunidade alternativa na Serra da Cantareira, na zona norte da cidade de São Paulo, onde drogas e trocas de parceiros sexuais eram uma constante. Isso acabou por abalar o relacionamento de Arnaldo e Rita.
Ainda em 1972, foi descoberto que havia sido instalado em São Paulo o primeiro estúdio de dezesseis canais do país. Os Mutantes tentaram convencer a Polydor a lançar mais um álbum da banda naquele ano, mas a gravadora, interessada em lançar a carreira solo de Rita Lee, determinou que apenas ela assinasse o disco, alegando que não ficaria bem para a banda lançar dois LP em um mesmo ano. Por isso. o LP Hoje É o Primeiro Dia Do Resto Da Sua Vida ficou creditado apenas a Rita Lee, embora os Mutantes como um todo tenham participado ativamente do álbum tanto na composição quanto na gravação.
A Fase Progressiva
Já sem Rita Lee, em 1973 os Mutantes estrearam o espetáculo, “2000 Watts de Som” e gravaram O A e o Z, LP que marcou de vez a adesão do grupo ao rock progressivo. Todas as suas faixas foram compostas e executadas sob o efeito de ácido lisérgico (LSD), o que desagradou a Polydor, que não aprovou o trabalho, o considerou sem valor comercial e decidiu não lançá-lo. Além de não comercializar o disco, a gravadora decidiu demitir a banda. O álbum seria lançado somente em 1992, pela PolyGram.
Os Mutantes continuam ativos, porém Arnaldo, debilitado pelo uso contínuo de drogas (em especial o LSD) e em depressão com o final de seu casamento, apresenta comportamentos patológicos, colecionando sacos cheios de lixo, a se comunicar numa espécie de idioma inventado por ele e a fazer planos de construir uma nave espacial. Arnaldo deixa a banda, seguido pelo baterista Dinho. Em 1974, depois de uma briga com os demais integrantes, o baixista Liminha é o próximo a abandonar o grupo.
A Derrocada e o Fim
Sérgio Dias decidiu manter a banda, mas teve de reformular toda a sua estrutura. No lugar de Arnaldo, Dinho e Liminha entraram respectivamente Túlio Mourão, Rui Motta e Antônio Pedro Medeiros. A nova formação conseguiu um contrato com a Som Livre em 1974, que lançou Tudo Foi Feito Pelo Sol no ano seguinte.
Mesmo após o lançamento do LP, as discussões não cessaram. Em 1976, Sérgio demitiu Túlio e Antônio, substituídos por Luciano Alves e Paul de Castro. Arnaldo recusou todos os pedidos do irmão Sérgio para que voltassem a tocar juntos. Em 1977, a gravadora lançou Mutantes Ao Vivo, gravado no MAM do Rio de Janeiro. O álbum não agradou os fãs e a crítica.
Em 1978, Arnaldo se reuniu com a banda como convidado especial em uma única apresentação, mas não aceitou o convite de Sérgio para voltar aos Mutantes’. Com mais alguns desentendimentos, Sérgio decidiu terminar com o grupo. O fim não poderia ser mais melancólico: aproximadamente duzentas pessoas comparecem ao último concerto do grupo, em 6 de junho em Ribeirão Preto.
Depois do Fim
Lançamentos de A e o Z
Os Mutantes voltariam a ser notícia em 1992, quando os principais jornais brasileiros divulgaram que o grupo iria retornar em sua formação clássica. O que aconteceu na verdade foi um convite de Almir Chediak para que o grupo se reunisse em uma gravação. Sérgio tocou em alguns discos solo de Rita nas décadas de 1970 e 1980 e se apresentou em alguns concertos dela em 1992.
Nesses espetáculos, a plateia gritava o nome de Arnaldo. Ainda naquele ano, Sérgio Dias convenceu Mayrton Bahia, diretor artístico da PolyGram, a lançar O A e o Z, gravado em 1973. A gravadora atendeu o pedido do ex-Mutante. Em 1996, o selo Natasha Records lançou um disco-tributo ao Mutantes, no qual os vários sucessos do grupo foram interpretados por artistas do cenário pop nacional, como Arnaldo Antunes, Kid Abelha, Lulu Santos, Pato Fu e Planet Hemp.
Lançamento de Tecnicolor
No ano 1999 a gravadora Universal, dona do catálogo da extinta Polydor, finalmente resolveu lançar Tecnicolor, o álbum gravado pela banda durante sua passagem pela França em 1970. A ilustração e a caligrafia do álbum, na versão editada no ano de 1999, são da autoria de Sean Lennon. Na época, em 1970, a PolyGran inglesa convidou o grupo a morar em Londres e pediu para que eles gravassem um álbum com canções em língua inglesa. Apenas Arnaldo Baptista sabia desse convite e só contou aos outros integrantes após regressaram ao Brasil.
Em fevereiro de 2005 a revista britânica Mojo incluiu o álbum Os Mutantes em sua lista de “50 Most Out There Albums of All Time” (algo como os “50 Discos Mais Experimentais de Todos os Tempos”). Eles obtiveram a 12ª posição na lista, à frente de nomes como Beatles, Pink Floyd e Frank Zappa.
Retorno em 2006
Em 2006, os Mutantes foram homenageados na mostra Tropicália – A Rrevolution in Brazilian Culture, no Barbican Hall, em Londres, o principal centro cultural da Europa. Alegando compromissos agendados na mesma data do convite, Rita Lee não aceitou o convite. Liminha também declinou. Sérgio Dias, Arnaldo Baptista e Dinho Leme (que não tocava profissionalmente há cerca de trinta anos) aceitaram. Ao grupo original, juntou-se a cantora Zélia Duncan no lugar de Rita Lee e músicos da banda de Sérgio. Todos os ingressos para o concerto foram vendidos antecipadamente, teve como banda de abertura o grupo pernambucano Nação Zumbi e do músico texano Devendra Banhart, fã incondicional dos Mutantes. A primeira apresentação dos novos Mutantes se realizou com grande êxito no dia 22 de maio em Londres e foi gravada para futuro lançamento em CD e DVD, pela gravadora Sony BMG.
Depois do concerto em Londres, os Mutantes seguiram para temporada nos Estados Unidos. Eles se apresentaram no Webster Hall, em Nova York, no Hollywood Bowl, em Los Angeles, no The Fillmore, em San Francisco, no Moore Theatre, em Seattle e Cervantes Masterpiece Ballroom, em Denver – além de participarem do Pitchfork Music Festival, em Chicago. Ainda naquele ano, a gravadora Universal remasterizou todos os disco da banda dos anos de 1968 a 1972, fazendo uso das fitas originais.
Em 25 de janeiro de 2007, o grupo faz sua primeira apresentação no Brasil em quase trinta anos. O concerto fez parte dos festejos do 453º aniversário da cidade de São Paulo e levou cinquenta mil pessoas ao Museu do Ipiranga. Em seguida, o grupo realizou uma turnê pelo Brasil. Em setembro daquele ano, Zélia Duncan e Arnaldo Baptista anunciaram a saída dos Mutantes. Zélia alegou que queria se dedicar mais a sua carreira solo. Arnaldo queria se dedicar aos seus projetos pessoais, que incluem escrever uma autobiografia, lançar um livro de ficção (Rebelde Entre os Rebeldes) e dois álbuns da Patrulha do Espaço, e promover uma exposição com suas pinturas e esculturas.
Sérgio Dias e Dinho Leme mantiveram a banda, que lançou em 25 de abril “Mutantes Depois”, a primeira canção inédita dos Mutantes em mais de três décadas. O compacto pode ser baixado gratuitamente na Internet. Curiosamente, a canção está presente na trilha sonora da novela Os Mutantes – Caminhos do Coração.
Os Mutantes is a Brazilian psychedelic rock band formed during Tropicalismo in 1966, in São Paulo, by Arnaldo Baptista (bass, keyboards, vocals), Rita Lee (vocals) and Sérgio Dias (guitar, bass, vocals). participated in the group Liminha (bass) and Dinho Leme (drums).
The band is considered one of the main groups of Brazilian rock. In addition to the innovative use of feedback, distortion and studio tricks of all kinds, Mutantes were pioneers in mixing rock and roll with Brazilian musical and thematic elements. Another characteristic of the group was irreverence. If before the Mutantes, the genre in Brazil was basically imitative, from the pioneering spirit of Arnaldo, Sérgio and Rita, the path of hybridity was opened.
Os Mutantes began its activities in 1966, as a trio, when they performed on a TV Record program, until it ended in 1978 with only Sérgio Dias as an original member. Over these twelve years, nine albums were recorded – two of which, O A e o Z and Tecnicolor, were released only in the 1990s. It was in that decade that the importance of Mutantes as a of the most creative, dynamic, radical and talented groups of the psychedelic era and the history of Brazilian and world music.
History
1960s and 1970s - Origins
In 1964, the brothers Arnaldo Baptista and Cláudio César Dias Baptista, together with Raphael Vilardi and Roberto Loyola, founded the group The Wooden Faces. A year later, they met and invited Rita Lee – then in the Teenage Singers – to join the band. Sérgio, the youngest in the Baptista family, would also join the group. The new band was renamed Six Sided Rockers, later O Conjunto and O´Seis.
In 1966, they recorded a single compact for Continental with the compositions “Suicida” (by Raphael and Roberto) and “Apocalipse” (by Raphael and Rita), which sold less than two hundred copies. Later that year, Cláudio César, Raphael and Roberto would leave the group. Arnaldo, Rita and Sérgio maintained the group, which was renamed with the definitive name of Os Mutantes – at the suggestion of Ronnie Von, who, at that time, was reading O Império dos Mutantes, science fiction by Stefan Wul. Von, one of the stars of Jovem Guarda, commanded the Sunday program O Pequeno Mundo de Ronnie Von, broadcast by TV Record, and had not liked the previous name. On October 15, 1966, Os Mutantes debuted on the program. They impressed so much that the group was invited to be part of the regular cast of the program. They also participated in the recordings of the LP Ronnie Von – nº 3.
Approaching the Tropicalistas
In early 1967, changes in the program's artistic direction gradually reduced the Mutantes' performances. For disagreeing with the new guidelines, they left Record, as there was also the possibility of performing on other stations. At the invitation of maestro Chiquinho de Moraes, from Rede Bandeirantes, Os Mutantes appeared on the program “Quadrado e Redondo”, presented by Sérgio Galvão. At that time, they met another maestro, Rogério Duprat, who would play a decisive role in the trio's history. Sponsored by Duprat, Os Mutantes began to participate in the great Brazilian popular music festivals, which were experiencing their golden age.
The maestro suggested to Gilberto Gil that he convene the group as a support band to record “Bom Dia”, which would be sung by Nana Caymmi and included in the III Festival of Brazilian Popular Music, on TV Record. Another Gil recording classified for the Festival was “Domingo no Parque”. Despite none of its members reading musical scores and figures and knowing the harmonic complexity of the arrangements elaborated by Gil and Duprat, Os Mutantes did very well in rehearsals and ended up participating in the recording of both. “Domingo no Parque” won second place and brought Mutantes closer to the tropicalist movement.
In 1968, the trio signed a contract with Polydor, thanks to a recommendation from producer Manoel Barenbein. Thus, Os Mutantes was released, the band's first album. With arrangements by Duprat and special participation by Jorge Ben, the LP was very innovative and experimental, in addition to being heavily influenced by the work of the Beatles. Some of the tracks that stood out are “Senhor F…” (which featured the Baptista brothers' mother, who played the piano), “Panis et Circenses” (song composed by Caetano Veloso and Gilberto Gil especially for the Mutantes) and “Trem Fantasma” (partnership between Os Mutantes and Caetano Veloso, which was composed at producer Guilherme Araújo’s house).
Also that year, the band participated alongside several artists from Tropicália: ou Panis et Circencis, manifesto-disc of the tropicalist movement, recording the title track of the LP. Later that year, the group participated in two sequences – filmed at the Ponto de Encontro nightclub – of As Amorosas, a film by Brazilian director Walter Hugo Khouri, starring Paulo José, Lilian Lemmertz and Anecy Rocha. In September, they also participated in the III Festival Internacional da Canção, on TV Globo, defending “Caminhante Noturno” (by Arnaldo, Sérgio and Rita), which ended up ranked seventh. But the most emblematic episode of that festival was Caetano's presentation accompanied by Mutantes as a support band. In the São Paulo final of the FIC, held at the Theater of the Catholic University of São Paulo, they performed “É Proibido Proibir”. Caetano's song was received under intense boos by the audience that filled the auditorium. As Os Mutantes started to play the intro, enraged spectators threw eggs, tomatoes and pieces of wood against the stage and turned their backs on the performance.
Immediately, the Mutantes responded, without stopping playing: they turned their backs to the audience. Disgusted with the reception, Caetano gave a long and passionate speech that could almost not be heard, because of the noise inside the auditorium.
At the end of that year, Mutantes were at the IV Festival of Brazilian Popular Music, defending “Dom Quixote” and “2001″, the latter a partnership between Rita Lee and Tom Zé.
The End of Tropicália
The following year, Mutantes toured France, where they played at the famous International Market for Records and Music Publishers (Midem), in the city of Cannes, and at the traditional Olympia, in Paris. In February, Mutantes was released, the band's second album – and with the participation of drummer Dinho Leme and bassist Liminha. One of the highlights of the LP, the track “Caminhante Noturno” mistakenly omitted the name of Sérgio Dias as co-author.
Still in 1969, Os Mutantes performed their last concert with Caetano and Gil. It was during the troubled season at the Rio de Janeiro nightclub Sucata, in which the famous incident of the national flag took place, which, supposedly, had been disrespected, in the opinion of the military that governed Brazil at that time. During the show, a flag was hung on the stage of the show, a work by the plastic artist Hélio Oiticica, with the inscription “Seja Marginal, Seja Herói”, with the image of a famous drug dealer at that time, Cara-de-Cavalo, who had was violently murdered by the police. The military also alleged that Caetano would have sung the National Anthem inserting offensive verses to the Armed Forces. All of this would serve as a political pretext for the military to suspend the presentation, arrest Caetano and Gil, and subsequently release them and exile them to the United Kingdom. The episode is regarded as the end of the avant-garde movement.
Later that year, the show Planeta dos Mutantes premiered, mixing music, bizarre scenes and psychedelia. At the end of that year, the group defended the song “Ando Meio Disconnected” at the IV Festival Internacional da Canção.
The Consolidation of the Band
In March 1970, A Divina Comédia ou Ando Meio Dislagado was released, considered a milestone in the group's career, which tries to distance itself from Tropicalismo and embrace rock once and for all. The biggest highlight of the LP was the title song “Ando Meio Offline” (by Arnaldo, Sérgio and Rita). Another highlight is the re-recording of “Chão de Estrelas” (by Sílvio Caldas and Orestes Barbosa), which was highly criticized by critics and purists at the time. At the end of that year and with bassist Liminha integrated into the Arnaldo-Sérgio-Rita trio, Os Mutantes returned to France to perform some shows. At the invitation of producer Carl Holmes, they took the opportunity to record some songs at the Des Dames studio, with the intention of releasing an album mainly in English to attract an international audience. But Polydor would drop the project even with an entire album already recorded. Only in 1999, the album would be released, called Tecnicolor.
In early 1971, the band was hired by Rede Globo to be one of the fixed attractions of the Som Livre Exportação program. Initially, the group liked it, but later became disinterested in the project. Also that year, Jardim Elétrico was released, an album in which some instruments made by Cláudio Baptista, Arnaldo and Sérgio's older brother, were used. Four tracks recorded in Paris were used for the album. On December 30, 1971, Rita and Arnaldo got married. She said years later that the marriage was just to gain independence from her parents and that the brothers disputed who would sign the certificate. On their return from their honeymoon, the couple would tear up their marriage certificate on the television show by presenter Hebe Camargo.
Rita Lee's Departure
In March 1972, Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets was released. The album's title is a tribute to Tim Maia, who was a friend of the Mutantes, and who called the marijuana cigarettes he used to smoke “baurets”. The LP showed the band's transition towards progressive rock, with influences from groups Emerson, Lake & Palmer and Yes. The track “Cabeludo Patriota” suffered from censorship and had to change its name and noises were superimposed to hide the phrase “my hair is green and yellow”. “Balada do Louco” (Arnaldo and Rita) was the great success of the album and one of the biggest in the group's career. Other songs were well covered in the media, such as “Posso Perder Minha Mulher, Minha Mãe, Since I Have Rock and Roll” (by Arnaldo, Rita and Liminha), “Vida de Cachorro” (by Arnaldo, Sérgio and Rita), “Cantor de Mambo” (by Élcio Decário, Arnaldo and Rita), “Todo Mundo Pastou” (by Ismar S. Andrade “Bororó”), “Rua Augusta” (Hervé Cordovil).
It was also the last LP to feature Rita Lee. It was alleged at the time that her departure was due to musical differences with the Baptista brothers, but in reality it was more related to the end of her marriage to Arnaldo, at a time when the group members lived in an alternative community in Serra da Serra. Cantareira, in the north zone of the city of São Paulo, where drugs and exchanges of sexual partners were a constant. This ended up shaking Arnaldo and Rita's relationship.
Still in 1972, it was discovered that the first sixteen-channel studio in the country had been installed in São Paulo. Os Mutantes tried to convince Polydor to release another album by the band that year, but the label, interested in launching Rita Lee's solo career, determined that only she would sign the album, claiming that it would not be good for the band to release two LPs in a row. the same year. Therefore. the LP Hoje É o Primeiro Dia Do Resto Da Sua Vida was credited only to Rita Lee, although Mutantes as a whole participated actively in both the composition and recording of the album.
The Progressive Phase
With Rita Lee gone, in 1973 Os Mutantes premiered the show “2000 Watts de Som” and recorded O A e o Z, an LP that marked the group’s adherence to progressive rock for good. All of its tracks were composed and performed under the effect of lysergic acid (LSD), which displeased Polydor, who did not approve of the work, considered it without commercial value and decided not to release it. In addition to not selling the album, the label decided to fire the band. The album would only be released in 1992, by PolyGram.
The Mutantes remain active, but Arnaldo, weakened by the continuous use of drugs (especially LSD) and in depression with the end of his marriage, exhibits pathological behaviors, collecting bags full of garbage, communicating in a kind of language invented by him and making plans to build a spaceship. Arnaldo leaves the band, followed by drummer Dinho. In 1974, after a fight with the other members, bassist Liminha is the next to leave the group.
The Downfall and the End
Sérgio Dias decided to keep the band, but had to reformulate its entire structure. In place of Arnaldo, Dinho and Liminha entered Túlio Mourão, Rui Motta and Antônio Pedro Medeiros respectively. The new formation got a contract with Som Livre in 1974, which released Tudo Foi Feito Pelo Sol the following year.
Even after the release of the LP, the discussions did not cease. In 1976, Sérgio dismissed Túlio and Antônio, who were replaced by Luciano Alves and Paul de Castro. Arnaldo refused all of his brother Sérgio's requests for them to play together again. In 1977, the label released Mutantes Ao Vivo, recorded at MAM in Rio de Janeiro. The album did not please fans and critics.
In 1978, Arnaldo joined the band as a special guest in a single performance, but did not accept Sérgio's invitation to return to Os Mutantes'. With a few more misunderstandings, Sérgio decided to break up with the group. The end could not be more melancholic: approximately two hundred people attend the group's last concert, on June 6 in Ribeirão Preto.
After the end
After the end
A and Z releases
Os Mutantes would again be in the news in 1992, when the main Brazilian newspapers announced that the group would return to its classic formation. What actually happened was an invitation from Almir Chediak for the group to get together for a recording. Sérgio played on some of Rita's solo albums in the 1970s and 1980s and performed at some of her concerts in 1992.
In these shows, the audience shouted Arnaldo's name. That same year, Sérgio Dias convinced Mayrton Bahia, PolyGram's artistic director, to release O A e o Z, recorded in 1973. The label granted the ex-Mutante's request. In 1996, the Natasha Records label released a tribute album to Mutantes, in which the group's various successes were interpreted by artists from the national pop scene, such as Arnaldo Antunes, Kid Abelha, Lulu Santos, Pato Fu and Planet Hemp.
Launch of Technicolor
In 1999, the Universal record label, owner of the extinct Polydor catalogue, finally decided to release Tecnicolor, the album recorded by the band during their visit to France in 1970. The illustration and calligraphy of the album, in the version published in 1999, are by authored by Sean Lennon. At the time, in 1970, English PolyGran invited the group to live in London and asked them to record an album with songs in English. Only Arnaldo Baptista knew about this invitation and he only told the other members after they returned to Brazil.
In February 2005, the British magazine Mojo included the album Os Mutantes in its list of “50 Most Out There Albums of All Time”. They got the 12th position on the list, ahead of the likes of The Beatles, Pink Floyd and Frank Zappa.
Return in 2006
In 2006, Mutantes were honored at the Tropicália – A Rrevolution in Brazilian Culture show, at the Barbican Hall, in London, the main cultural center in Europe. Claiming appointments scheduled on the same date as the invitation, Rita Lee declined the invitation. Liminha also declined. Sérgio Dias, Arnaldo Baptista and Dinho Leme (who had not played professionally for about thirty years) accepted. The original group was joined by singer Zélia Duncan in place of Rita Lee and musicians from Sérgio's band. All tickets for the concert were sold in advance, with the opening band being the Pernambuco group Nação Zumbi and the Texan musician Devendra Banhart, an unconditional fan of Mutantes. The first performance of the new Mutantes took place with great success on May 22nd in London and was recorded for a future release on CD and DVD by Sony BMG.
After the concert in London, Os Mutantes went on to tour the United States. They performed at Webster Hall, in New York, at the Hollywood Bowl, in Los Angeles, at The Fillmore, in San Francisco, at the Moore Theater, in Seattle and Cervantes Masterpiece Ballroom, in Denver – in addition to participating in the Pitchfork Music Festival, in Chicago. Later that year, the Universal label remastered all of the band's albums from 1968 to 1972, making use of the original tapes.
On January 25, 2007, the group makes its first appearance in Brazil in almost thirty years. The concert was part of the celebrations of the 453rd anniversary of the city of São Paulo and took fifty thousand people to the Ipiranga Museum. Then the group toured Brazil. In September of that year, Zélia Duncan and Arnaldo Baptista announced the departure of Mutantes. Zélia claimed that she wanted to dedicate herself more to her solo career. Arnaldo wanted to dedicate himself to his personal projects, which include writing an autobiography, releasing a fiction book (Rebelde Entre os Rebeldes) and two Patrulha do Espaço albums, and promoting an exhibition with his paintings and sculptures.
Sérgio Dias and Dinho Leme maintained the band, which released “Mutantes Afterwards” on April 25, the first new song by Mutantes in more than three decades. The compact can be downloaded for free from the Internet. Interestingly, the song is featured on the soundtrack of the telenovela Os Mutantes – Caminhos do Coração.
Fonte/Source
http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Mutantes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Mutantes
Bom dia. Sou um grande fã do blog. Sigo ja tem algum tempo. Gostaria por gentileza se puder e achar, postar a discografia da Astrud Gilberto? Muito obrigado.
ResponderExcluirOlá!
ExcluirQue massa seu retorno.
Discografia da Astrud Gilberto disponibilizada!
Bom som!!!